O aumento dos preços dos gêneros agrícolas provocou estes últimos meses uma importante elevação do preço do herbicida Roundup da Monsanto. Nos Estados Unidos, onde os OGMs resistentes ao Roundup são cultivados há mais de 10 anos, o preço do herbicida dobrou ao longo do ano passado. Os agricultores reclamaram deste aumento do preço do herbicida, ao qual se acrescenta um sobrecusto da compra das sementes transgênicas.
Monsanto, ao contrário, tira as substâncias benéficas desta inflação e se esconde atrás do contexto mundial para justificar o aumento de preço de seu produto-chave.
Em alguns mercados mundiais, entre os quais o Brasil e a Argentina, o herbicida Roundup é negociado ainda mais caro que nos Estados Unidos. Monsanto aumentou 25% a expansão de Roundup nos Estados Unidos, no entanto, sem aumento de produção, para controlar os preços e as reclamações do agricultores americanos. Monsanto prevê elevar a capacidade de produção de Roundup em suas 2 usinas americanas.
Roundup, marca da Monsanto, não é mais coberto por patente, existe numerosos genéricos, às vezes menos caros, entretanto os agricultores que cultivam as sementes da Monsanto se comprometem à utilizar seu herbicida e não um genérico. Apesar da Monsanto ganhar dinheiro também sobre os genéricos, pois a empresa continua uma das principais fornecedoras de glifosato, o agente ativo do herbicida. Monsanto justifica o aumento de preço do Roundup através de um alinhamento com so preços praticados por seus concorrentes. Mas o rumor diz que a empresa de St. Louis não é mais capaz de produzir glisofato suficiente para cobrir as necessidades de sua própria marca Roundup e fornecer ao mesmo tempo os produtos do herbicida genérico, o que provoca uma limitação da oferta e um aumento do preço.
Mas nada de preocupante para a Monsanto, que espera acumular um lucro líquido sob o Roundup de 1,7 à 1,8 milhões de dólares para 2008, seria mais que o dobro do ano passado.
Nós assistimos à uma crise mundial que é o resultado das aberrações da política agrícola mundial, uma política desde muito denunciada por todos os participantes de uma agricultura sustentável e equitativa. No contexto de globalização, os países do Sul foram encorajados a se especializar na agricultura industrial e na monocultura afim de nutrir o gado do Norte. Países como a Argentina ou o Brasil perderam sua autosuficiência alimentar para o proveito da monocultura de soja transgênica para exportação. Há dezenas de anos, esta cultura intensiva é a causa do desflorestamento e de transtornos ambientais consentidos em nomde do lucro, mas hoje nós estamos abordo de uma catástofre humana.
Adicionando a este lastimoso quadro, os especuladores e outros aproveitadores de crise veêm se enriquecer às custas do aumento dos preços agrícolas que se aceleram ainda mais através de suas manobras financeiras. Se nada for feito para controlar o entusiasmo do mercado, estes especuladores vão provocar a formação de uma bolha artificial sobre o preço dos gêneros agrícolas. Isto terá como consequência a curto prazo o aumento da fome e a médio prazo arruinará os agricultores quando esta bolha especulativa arrebentar provocando o desabamento dos preços. O retorno dos "motins da fome" em numerosos países onde a população, como no Haiti, têm que comer lama, é uma situação inaceitável.
Onde estão as plantas geneticamente modificadas que devem salvar da fome as populações desfavorecidas? Elas estão cruelmente ausentes, ao contrário dos benefícios para a Monsanto e especuladores, que não faltam. Além da propaganda falsamente humanista da Monsanto, os OGMs agrícolas são apenas uma nova etapa da industrialização dos modos de produção agrícolas que se inserem em uma dinâmica puramente mercantil e não durável. O produtivismo incontrolável e o desdém dos organismos internacionais para a agricultura local já provocou a crise atual. Apenas através de uma melhor gestão dos recursos naturais mundiais que nós conseguiremos. Nós devemos encorajar uma agricultura sustentável e responsável visando nutrir pessoas e não mais as contas bancárias de grupos agro-industriais, mas isso requer coragem política.
Fonte: Tradução livre de http://www.combat-monsanto.org/spip.php?article127
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