Abaixo, transcrevo parte do Boletim 442 - Por um Brasil Livre de Transgênicos sobre a resistência da soja transgênica (glifosato) e da nova soja transgênica, resistente a um herbicida muito mais tóxico que o glifosato, o 2,4-D.
Uma matéria publicada no jornal Gazeta Mercantil em 18 de maio informa que a Dow AgroSciences, subsidiária da americana Dow Chemical, vai entrar no mercado brasileiro de sementes de soja transgênica com uma nova variedade tolerante à aplicação de herbicidas. O pedido para testes de campo já foi encaminhado à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
A matéria não informa especificamente a qual herbicida a nova soja será tolerante. O diretor de sementes e biotecnologia da empresa apenas informa que “serão novos eventos tolerantes aos auxínicos, um regulador de crescimento que quando aplicado em doses adequadas atua como um herbicida”. A Dow é fabricante o herbicida 2,4-D, um herbicida auxínico considerado muito mais tóxico do que o glifosato (também tóxico).
Curiosamente, a pauta da 123a reunião ordinária da CTNBio, onde consta o pedido para liberação planejada (teste de campo) para esta soja, também não informa a qual herbicida ela é tolerante. Genericamente, diz apenas “soja geneticamente modificada tolerante a herbicidas”.
Entretanto, um boletim da Frente Parlamentar da Agropecuária informou, em 05 de fevereiro último, sobre a solicitação da Dow à CTNBio para conduzir testes de campo com soja transgênica tolerante ao 2,4-D.
O “lançamento” desta soja tolerante ao 2,4-D é um escândalo! Todos sempre souberam que o uso intensivo de glifosato nas monoculturas de soja transgênica provocaria o desenvolvimento de mato resistente ao herbicida. À época da liberação da soja transgênica no Brasil, alertamos exaustivamente que isto já estava ocorrendo nos países que já cultivavam soja transgênica havia mais tempo, o que estava levando os agricultores a procurar herbicidas mais antigos e mais tóxicos como o 2,4-D.
A empresa e a CTNBio estão agora tentando “disfarçar” que a nova soja é tolerante ao 2,4-D justamente porque sabem que este herbicida é extremamente tóxico!
Para se ter uma idéia, o glifosato, cujos males ao meio ambiente e à saúde humana vêm sendo alerdeados aos quatro ventos, é classificado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como de “Classe Toxicológica IV - Pouco Tóxico”. Já o 2,4-D é um herbicida “Classe I - Extremamente Tóxico”. O 2,4-D é um dos dois componentes do famoso “agente laranja”, desfolhante utilizado na Guerra do Vietnam que provocou milhares de casos de cânceres, leucemias e patologias neurológicas, além do nascimento de bebês com deficiências físicas e mentais.
A fórmula soja transgênica + glifosato representa um desastre para os agricultores e uma ameaça à saúde dos consumidores (amplamente descrita no livro Roleta Genética, de Jeffrey Smith). E todos sabiam que sua eficácia agronômica duraria poucos anos. Substituí-la por outro pacote tecnológico muito mais nocivo para resolver os problemas causados pelo primeiro seria um crime sem precedentes das autoridades da CNTBio, que sabem, tanto como nós, dos efeitos devastadores que uma produção como estas em larga escala poderá provocar. Com informações de:
- Gazeta Mercantil, 18/05/2009.
- Pauta da 123a. Reunião Ordinária da CTNBio
Fonte: Boletim 442- Por um Brasil Livre de Transgênicos
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