Jeffrey Smith esteve no Brasil semana passada, fez diversas palestras no Paraná (com a presença do governador Requião), em Piracicaba, em Brasília e em São Paulo para apresentar seu livro, Roleta Genética. Estava acompanhado de Mohamed Habib, engenheiro agrônomo, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp, o qual também realizou uma palestra.
As palestras foram excelentes. Mohamed Habib discursou sobre os desafios mais importantes para o novo milênio, no quesito transgênicos. Dentre eles, é preciso haver o reconhecimento do papel da pesquisa científica para avaliação de riscos e, a importância de se respeitar o princípio da precaução.
Afinal, quando se lança um novo produto no mercado, a empresa deve provar que além do benefício pretendido, o produto não causa danos à saúde humana, animal ou ao ambiente. Contudo, com relação aos transgênicos o que está acontecendo é o contrário. Os pesquisadores conscientes é que devem provar que essa nova tecnologia não traz danos.
Outro ponto citado por Mohamed Habib foi que os pesquisadores conscientes (que não se deixaram levar pelas empresas) são vistos de diversas formas, como ecochatos e ambientalistas, mas nunca como o que realmente são: pesquisadores. Isso é visível principalmente em escolas de agronomia, onde há o dedo ($$$) das empresas de biotecnologia nas aulas, nos professores, nos estudantes. Aqueles que passam a questionar mais sobre essa tecnologia já não são mais vistos como pesquisadores de verdade. O que é um absurdo, pois são esses que têm realmente a curiosidade de cientistas para questionar sem crer de maneira dogmática nas "verdades" proferidas pelas empresas.
Uma das "verdades" das empresas é que os transgênicos diminuem o uso de agrotóxicos. Ótimo, perfeito! Então, por que a ANVISA, em fevereiro de 2004, aumentou o Limite Máximo de Resíduo (LMR) do glifosato nas alimentos em 50 VEZES, de 0,2mg/kg para 10mg/kg?? São conhecidos os diversos efeitos nocivos do glifosato, dentre eles, a ligação com o linfoma No-Hodking (famoso na mídia atualmente).
Apenas para criar uma situação favorável ao plantio de soja transgênica. Qual o benefício para os consumidores? Absolutamente nenhum, pelo contrário, o consumidor terá alimentos (principalmente os industrializados que contém soja, que são muitos - 60%) com altos níveis de resíduos de glifosato.
Quem o governo deve defender? As multinacionais ou os consumidores?
Mas calma.... o futuro pode não ser tão obscuro assim... basta apenas alguns emails e telefonemas... de acordo com Jeffrey Smith em sua palestra, se apenas 5% das pessoas questionarem as indústrias alimentícias e informarem que não querem produtos com ingredientes transgênicos, deixando de comprar o produto, as empresas começarão a exigir produtos não-transgênicos (ogm-free) de seus fornecedores, os produtores então passarão a plantar mais e mais sementes não-transgênicas, e o mercado vai diminuir.... quem sabe até isso não passe de uma "moda".
Para começar, sugiro o Guia do Consumidor do Greenpeace, onde há produtos de empresas que provaram que não usam transgênicos e produtos de empresas que não fizeram questão nenhuma de esclarecer o consumidor. Envie emails para todas, perguntando se usam ou não e deixando claro sua vontade de consumir produtos não-transgênicos. Aproveite e assine a petição contra o arroz transgênico que a Bayer está querendo comercializar. Mostre para as empresas que você não quer o arroz transgênico.
A sugestão de leitura é o artigo de Washington Novaes no Estadão sobre os OGMs.
Se você quer receber a íntegra traduzida da palestra de Jeffrey Smith, em Curitiba, clique aqui e envie um email para o Conselho de Fiscalização de Transgênicos PR.
Enquanto isso... CTNBio aprova mais um algodão transgênico da Monsanto
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