O Jorge (O Escriba) me enviou esta notícia muito interessante sobre o desaparecimento das abelhas e resolvi fazer um post a respeito.
A desordem de colapso das colônias (Colony Collapse Disorder) das colônias das abelhas é uma epidemia inimaginável, de um amplitude jamais vista, iniciou-se primeiramente nos EUA e no Canadá, porém, já chegou à Europa. Na Alemanha, um quarto das colônias foram dizimadas. O desaparecimento das abelhas é um sinal de alarme para a sobrevivência da espécie humana, já que cerca de 1/3 dos alimentos do mundo são polinizados pelas abelhas. Aumentando, assim, a quantidade e qualidade das frutas, sementes e verduras, como maçã, pera, melão, nozes, abacates, soja, aspargos, brócolos, aipo, abóbora e pepino, laranjas, limões, pêssegos, kiwi, cerejas, morangos etc.
Mas o que está causando isso? Por que as abelhas estão morrendo? São os agrotóxicos? São os transgênicos? Um novo patógeno? Com certeza, a resposta está na combinação de vários agentes. E há tempos as abelhas vêm sofrendo com o uso, principalmente do agrotóxicos...
Em São Paulo, o uso de agrotóxicos para o vetor do "greening" está dizimando as colméias, a Alemanha proibiu o uso de 8 agrotóxicos devido à morte maciça das abelhas, e nos EUA, a Agência de Proteção Ambiental foi acusada de oculta informações sobre a toxicidade dos defensivos químicos nas abelhas. Contudo, infelizmente, o lobby dos defensivos é muito forte ($$$) e aqui no Brasil, enquanto a Anvisa queria reavaliar os estudos e dados científicos de 99 agrotóxicos, uma liminar do Sindag (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola) surgiu com acusações contra essa reavaliação.
Como já dizia Einstein: “Se as abelhas desparecessem da face da Terra, o Homem teria apenas quatro anos de vida”.
"Apicultores alemães estão levando suas abelhas para centros urbanos para evitar que o mel seja contaminado pelo milho transgênico. Em 2007, morreram cerca de 30% de sua população na Alemanha. Atualmente, 330 das 550 variedades de abelhas silvestres são consideradas espécies em perigo. Nos EUa, em 2007, em regiões de 24 Estados, até 70% da população de abelhas morreram em circunstâncias estranhas.
Julio Godoy (IPS)
BERLIM – Para as abelhas alemãs, o campo já não é apenas o que costumava ser. Fugindo dos inseticidas e dos cultivos transgênicos, agora buscam abrigo nas cidades. No dia 15 de julho, seis apicultores alemães levaram suas abelhas até Munique para salvá-las do milho geneticamente modificado que foi plantado perto de sua aldeia, Kaisheim, a 80 quilômetros da cidade. “Se nossas abelhas entrarem em contato com o milho geneticamente modificado, e o mel for contaminado por ele, não poderemos vendê-lo”, disse à IPS Karl Heinz Bablock, um dos seis apicultores. Na Alemanha os transgênicos são legais, mas não podem ser destinados ao consumo humano.
Meses atrás, Bablock e vários colegas seus apresentaram uma demanda judicial contra os cultivos geneticamente modificados, mas o tribunal determinou que, com essas plantações são legais, eram os apicultores que deveriam levar suas colméias para outro lado. ‘É sabido que as abelhas passam 90% de seu tempo de vida em um perímetro de três quilômetros. Mas, podem voar até 10 quilômetros sem problema. Estamos realmente felizes pelo fato de a cidade de Munique ter dado abrigo às nossas abelhas”, disse o apicultor.
Thomas Radetzki, diretor da união de apicultores Millifera, disse que as abelhas permanecerão em Munique “até o fim do verão” (boreal”). “Em meados de agosto termina o período de crescimento do milho e poderão voltar para casa”, acrescentou. Estes movimentos de abelhas se tornaram comuns por toda a Alemanha. “mas, em algumas regiões, como Brandenburgo, próximo a Berlim, é quase impossível escapar dos transgênicos. Estão por todos os lados e as abelhas entram em contato com eles”, afirmou Radetzki à IPS. Mas, não é a única ameaça que enfrentam.
As mudanças climáticas na agricultura, com a introdução de monoculturas e o uso intensivo de pesticidas, obrigam as abelhas a buscar refúgio nas cidades. Peter Rozenkranz, entomologista na Universidade de Stuttgart, disse à IPS que as monoculturas estão privando as abelhas de seu habitat natural. “Após algumas boas semanas na primavera, as abelhas se vêem ameaçadas pela fome, porque avançando o ano quase não restam flores”, acrescentou. Imagens obtidas via satélite mostram que “em vastas regiões, especialmente na zona oriental do país, não há nada que sirva de alimento para as abelhas”, ressaltou.
E, se não bastasse isso, os cultivos estão saturados de inseticidas e pesticidas, que quase em sua totalidade resultam ser fatais para as abelhas. Apicultores do Estado de Baden Wurttemberg informaram sobre a morte de centenas de abelhas em maio. Culparam um componente químico do inseticida Poncho Pro, usado para proteger das larvas as sementes do milho. Mnafred Raff, diretor da associação regional de apicultores, disse à IPS que mandou analisar suas abelhas depois das mortes em massa. “Encontramos em seus corpos abundantes traços desse produto químico”, afirmou.
Como conseqüência de uma demanda judicial apresentada por Raff e outros 700 apicultores de BadenWurtemberg, a gigante da indústria química e farmacêutica Bayer admitiu que Poncho Pro causou a morte, mas culpou os produtores de sementes pelo uso indevido desse produto. Viver nas cidades se tornou mais atraente para as abelhas, “porque as áreas verdes recreativas e os jardins têm uma vegetação variada e exuberante, que floresce ao longo de vários meses, desde o começo da primavera até o fim do verão”, afirmou Rosenkranz.
“Nas cidades, as abelhas só precisam voar algumas centenas de metros, de um parque público a uma sacada e dali até um jardim para encontrarem suculentas flores, em sua maioria livres de inseticidas”, acrescentou Rosenkranz disse que as abelhas estiveram sob ameaça de extermínio durante anos. Em 2007, morreram cerca de 30% de sua população na Alemanha. Atualmente, 330 das 550 variedades de abelhas silvestres são consideradas espécies em perigo. O panorama se repete em outros países, especialmente nos Estados Unidos: em 2007, em regiões de 24 Estados, até 70% da população de abelhas morreram em circunstâncias estranhas.
O desaparecimento dessas polinizadoras por excelência teriam profundas conseqüências ambientais, que iriam muito além da falta de mel. A escassez de alimentos se agravará se as colônias de abelhas deixarem de polinizar frutas e vegetais. (IPS/Envolverde)."
Fonte: Carta Maior