terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pesquisa independente sobre milho ogm está sendo feita no Brasil

A reportagem abaixo foi retirada do site: Em Pratos Limpos.

"Pesquisa independente avaliará impactos ambientais do milho transgênico em Santa Catarina. A reportagem que segue foi publcada no Diário Catarinense em 22 de fevereiro, e destaca que os dados serão inéditos, fato que só reforça que essas sementes foram liberadas desrespeitando-se o princípio da precaução.
“A tecnologia foi legalizada, mas ainda é nebulosa”, avalia o coordenador da pesquisa professor Rubens Nodari.
Pesquisadores de SC estudam como a variedade Bt afeta o ambiente, os seres humanos e os microorganismos das lavouras
Um estudo pioneiro no Brasil sobre o milho geneticamente modificado está sendo conduzido nas lavouras catarinenses. Professores da Universidade Federal de SC (UFSC), técnicos da Cidasc e pesquisadores da Epagri estão visitando propriedades rurais de três regiões do Estado para mapear os efeitos do milho Bt no meio ambiente, em seres humanos e nos microorganismos presentes no solo das plantações transgênicas.
Para o pesquisador da UFSC Rubens Nodari, existe desconhecimento sobre o plantio de milho Bt no país. Apesar de a semente ter sido liberada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), ele acredita que critérios essenciais, como a segurança alimentar, ainda não foram esclarecidos.
A falta de dados motivou o estudo que reúne as três entidades. Ainda em estágio inicial, ele deve ser finalizado em cinco anos. Desde 2009, mais de 30 pessoas percorrem lavouras nas regiões de Canoinhas, no Planalto Norte, Chapecó, no Oeste, e Campos Novos, no Meio-Oeste, para conversar com produtores rurais sobre a lavoura do Bt.
– Na primeira fase, selecionamos as áreas da pesquisa e conversamos com os produtores. Temos de ter muita informação para, mais tarde, mapear os impactos da variedade no meio ambiente – diz o pesquisador.
O estudo está dividido em três eixos. O primeiro quer estabelecer se pode haver uma área de coexistência, sem contaminação, de três variedades: convencional, transgênica e agroecológica.
– A CTNBio recomenda a distância de cem metros da lavoura de milho Bt para a lavoura convencional ou de 20 metros desde que se usem as 10 linhas de uma bordadura de milho não-transgênico. Mas será que essas distâncias são suficientes para que a área convencional não se contamine? – argumenta Nodari.
Os pesquisadores recolherão amostras da lavoura convencional para saber se foi afetada pela transgênica. Nodari observa que, se for diagnosticada alguma interferência, as distâncias entre as três variedades de milho terão de ser alteradas.
O segundo eixo de pesquisa é a pulverização[sic; leia-se polinização]. Técnicos da Cidasc irão a campo para identificar se o vento polinizou amostras de milho Bt com o milho convencional.
O impacto das plantas geneticamente modificadas nos organismos que vivem nos arredores das plantas também será avaliado no estudo. Nodari lembrou que há registros de milho Bt que já sofreu ataques de lagartas, praga que, teoricamente, seria eliminada com a planta mais resistente.
A técnica da Cidasc Patrícia Barroso Moreira é uma das que foi a campo conversar com produtores.
– A participação deles no projeto é espontânea. Os agricultores também têm dúvidas e estão ansiosos para conhecer de fato o que estão plantando.
Apesar de o desconhecimento reinar na cadeia produtiva do milho Bt, a safra produzida neste ano ocupou 65% das lavouras catarinenses. No
próximo ano, a tendência é que a área aumente para 90% (18 mil hectares).
– A tecnologia foi legalizada, mas ainda é nebulosa. É um prato cheio para a ciência – justifica Nodari.
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FRANCINE CADORE | Campos Novos

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Soja não-geneticamente modificada ganhará certificação

A soja não transgênica ganhará certificação oficial. O mercado externo tem muita procura pela soja não-geneticamente modificada, pagando até um pouco a mais pela mercadoria. Será que os produtores não estão indo pelo caminho contrário ao plantar transgênicos?

As normas serão definidas pela ABNT, onde uma Comissão de Estudo Especial de Grãos Não Geneticamente Modificados está se formando. Esta é uma solicitação da Associação Brasileira de Produtores de Grãos Não Geneticamente Modificados (Abrange), diante de uma demanda crescente por soja e milho diferenciados nos mercados interno e externo.
Serão normas técnicas específicas para a produção, transporte, segregação, rastreabilidade, armazenamento e beneficiamento de soja não geneticamente modificada, para garantir aos compradores nacionais e internacionais a origem e as especificações exigidas, de forma oficial, agregando valor ao produto.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Produtores entram na justiça contra a Monsanto

Os produtores não questionam o pagamento de R$ 0,44 por semente de soja transgênica, mas sim a cobrança sobre o total da produção no caso de a produtividade da lavoura ultrapassar 74 sacas por hectare ou produzir sua própria semente.
Além disso há uma multa de 2% sobre sua produção de soja convencional caso o produtor não consiga evitar a mistura dos grãos transgênicos e não transgênicos dentro do armazém. 
Esses são problemas administrativos, e quanto aos problemas agronômicos que os produtores estão enfrentando? E quanto à resistência ao glifosato sob o cultivo da soja transgênica Roundup Ready, em mais de 60% das lavouras brasileiras?
De acordo com a Monsanto, este é um problema de “fenômeno natural” relacionado à capacidade de as plantas se adaptarem de uma geração para outra. 
"Essas plantas ameaçam anular as vantagens do produto, capaz de controlar mais de cem ervas que disputam energia com soja e milho. Os laboratórios não oferecem nenhuma alternativa química capaz de reverter sozinha a situação. Segundo os especialistas ouvidos pelo Caminhos do Campo, por mais que se apele aos herbicidas alternativos disponíveis no mercado, o remédio mais eficiente por enquanto é a rotação de culturas, a diversificação." Outra alternativa é  voltar à enxada...

CTNBio e o arroz nosso de cada dia

Muito bom o artigo de Geraldo Hasse, no Século Diário, lembrando a todos que este mês está marcada uma audiência para tratar do arroz transgênico da Bayer, LL62, resistente ao glufosinato de amônio. Atenção a este detalhe: nem entidades normalmente a favor dos transgênicos (como a Embrapa) e outras empresariais (Irga, Fedearroz) querem a liberação deste.
Mas qual o problema deste arroz? O principal problema é a resistência ao glufosinato de amônio. Este herbicida é usado para controlar o arroz vermelho, o principal mato do arroz. A preocupação é a transferência de resistência para o arroz vermelho que ocorrerá num futuro, comprometendo o controle desse mato.
O artigo fez bem em chamar a atenção a mais falsa promessa dos transgênicos: diminuir a quantidade de 
agrotóxicos. Nada mais mentiroso, principalmente quando confrontado com as quantidades compradas pelo Brasil.
Não só as atitudes da CTNBio são escandalosas, mas também a existência da mesma. É um absurdo uma só entidade ser "responsável" pela liberação ou não dos transgênicos. Ainda mais quando se analisa o histórico/currículo da maior parte de seus integrantes.
Muito bom o artigo!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Parece que o algodão transgênico não era assim tão transgênico...

Abaixo, tradução livre da reportagem da Ecotextile ao Laboratório Impetus. Parece que o algodão não era assim tão transgênico.
As amostras da C&A e da H&M têm grande chance de terem sido contaminadas acidentalmente com o nível aceitável de transgênicos (até 0,9%) dentro das normas orgânicas. A questão é... como que as mídias modificaram tanto assim os comentários do Dr. Lothar Kruse do Impetus? e por quê?
Será que foi uma tentativa de colocar em dúvida a produção orgânica.
Houve uma enorme quantidade de controvérsias e rumores no setor têxtil global depois que um relatório recente da FT alegou que as principais marcas européias que vendiam roupas certificadas orgânicas, mas que continham vestígios de organismos geneticamente modificados (GM ) de algodão da Índia. Algodão transgênico é proibido segundo as normas orgânicas. 
O ponto mais notável do relatório, informa que o Laboratório Impetus da Alemanha, disse que "30% das amostras que foram testadas apresentaram positivos para OGM." Quando entramos em contato com o Dr. Lothar Kruse do Impetus, que era a fonte para a citação acima, ele disse à Ecotextile Notícias, que era "necessário retificar algumas das afirmações que tenho lido em diferentes mídias. A maioria deles distorceram os fatos de seu contexto." 

Ele passou a dizer que o laboratório não tinha sido encomendado pelo jornal Financial Times Deutschland (FTD) para analisar os produtos de algodão da Índia, mas que era um trabalho diário. A maioria de suas amostras eram provenientes da indústria têxtil e de outros laboratórios que não são capazes de realizar esta análise. "Nós não sabemos a origem das amostras", disse ele. 
Dr. Kruse afirmou que cerca de 30% de todas as amostras "rotulados como 'orgânicos', 'verde' ou 'bio' tinham sido analisadas nos últimos cinco anos continham traços de modificação genética. "Mas - e isto é muito importante - eu também deixou claro que, muito provavelmente, estas amostras positivas foram "casos suspeitos ", e que esta elevada taxa não reflecte a realidade", disse ele.
Ele também confirmou que o laboratório tinha testado cerca de 500 amostras nos últimos cinco anos e que "o nível de OGM de aproximadamente 80% das amostras positivas foi inferior a 2%." É provável que a fraude deliberada renderia teores mais elevados de material OGM 

Ken Ross, CEO da US GM - laboratório de testes do Global ID Grupo concorda, "A grande questão para se perguntar é se 100% dos 30% do algodão era OGM ou 30% continham traços de OGM? Se fosse 30% de material contaminado com 0,1% de OGM, então este é geralmente aceito como razoável em padrões orgânicos." 
Existe uma cláusula nas Normas de Produção Orgânica e legislação da UE, que diz que um certo nível (0,9% para a UE) de "contaminação acidental 'com OGM é aceitável. No entanto, esta definição também é muito complexa.

Pós-descarroçamento
Curiosamente, cerca de metade das 500 amostras de algodão testadas pelo Impetus foram pós-descaroçamentoKruse diz que seu laboratório pode testar amostras de algodão por determinados OGM. Este está em um estágio muito mais tarde do que alguns na indústria têxtil esperado. "Nós somos capazes de extrair DNA de matérias-primas como fibras (algodão lavado, penteado, branqueado), fios e uma roupa muito poucos casos", disse ele à Ecotextile News, mas ressaltou que não é simples para extrair DNA de matérias-primas ou fibras de algodão processadas e que a extração de DNA (ou mesmo a detecção de modificações genéticas) de tecidos é a excepção e não a regra." 
"Desde que é nossa tarefa diária de lidar com o problema das substâncias inibidoras de co-extraídos com o DNA e sabemos que cada etapa de processamento irá reduzir a qualidade e quantidade de DNA 'adequado'  recomendamos aos nossos clientes para análise de amostras o mais cedo possível, ou seja, no início da cadeia de transformação ", afirmou Kruse. 
Heather Secrit, cientista sênior do Global Group ID: "Podemos detectar OGM em sementes de algodão ou em certos casos, em linters (fibras residuais aderidas à semente de algodão), mas geralmente não há vestígios de sementes de algodão ... onde o material genético está. Uma vez que as fibras tenham sido branqueadas, secas e processadas todos os vestígios do material genético das sementes serão perdidos."
Testar ou não testar?
Esta opinião foi partilhada por Lee Holdstock da Associação do Solo do Reino Unido."Laboratórios de testes de OGM concordam que as fibras processadas, particularmente aqueles sujeitos a calor ou processos químicos, não contém material suficiente de ácidos nucleicos para um resultado confiável. A fibra menos processada têm, a maior possibilidade para a detecção de GM. Portanto, se você deve testar para a GM, o método mais eficaz continua a ser o teste de sementes de algodão ". 


Holdstock também questiona se só os testes GM estão no caminho certo: "Se os produtores de algodão orgânico estão seguindo práticas orgânicas e verificavelmente não utilizam sementes geneticamente modificadas, então provavelmente regimes de testes de sementes são um encargo desnecessário para colocar no sistema." 
Mas ele disse que a confiança na produção e na entidade de fiscalização, contudo, não eliminam a possibilidade de contaminação acidental. "O algodão GM está agora espalhado e o risco de deriva de pólen é real. Potencial para este tipo de contaminação destaca como importante é que o movimento orgânico define claramente o que constitui um teste pertinente e qual o nível de resultados positivos para fraude ou imperícia ", concluiu.